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Florbela Espanca |
Florbela de Alma Conceição Espanca, cujo nome literário pelo qual ficou conhecida é o de Florbela Espanca, nasceu a 08 de Dezembro de 1894, em Vila Viçosa no Alentejo e faleceu, de suicídio por sobre dose de barbitúricos, precisamente no dia do seu 36.º aniversário, em 08 de Dezembro de 1930, em Matosinhos, na casa onde vivia com o terceiro e último marido, o médico Manuel Lage.
Apesar de uma vida curta legou-nos um importante património literário.
Em Agosto de 1921, já a viver com o homem que iria ser o seu segundo marido, António José Marques Guimarães, alferes miliciano da Artilharia C da Guarda Nacional Republicana, veio de Matosinhos para a Foz do Douro, residir no Forte de S. João Baptista, vulgo Castelo da Foz, onde António Guimarães prestava serviço.
Contraiu matrimónio, em 03 de Julho de 1921, após o divórcio com o primeiro marido Alberto Monteiro. O casamento foi celebrado no posto n.º 1 da segunda Conservatória do Registo Civil do Porto, que na época funcionava no número 1034 da Rua Central, mais tarde designada Rua do Padre Luís Cabral.
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Uma imagem, de outrora, da entrada do Forte de S. João Baptista da Foz do Douro, ao tempo em que tinha ainda guarnição militar |
No seu quarto, naquele edifício militar, com janela virada para o mar, escreveu um dos seus conhecidos poemas, integrado na publicação “Livro de Sóror Saudade”, intitulado "Da minha janela".
Foi no Castelo da Foz, durante uma festa, que veio a conhecer o seu terceiro marido, Doutor Manuel Lage, Subdelegado de Saúde de Matosinhos, cidade a onde regressou para casar, religiosamente, em 08 de Dezembro de 1925, na Igreja do Bom Jesus e na qual viveu até à data do seu falecimento.
Nesta imagem, editada em postal nos inícios do sec. XX, podemos ver como seria o Castelo da Foz na época em que foi residência de Florbela
Mas foi António Guimarães o grande amor da sua vida. Dos muitos escritos que lhe dedicou, reproduzidos no livro “Perdidamente, correspondência amorosa 1020-1925” editado pela Câmara Municipal de Matosinhos, destaco este:
“Os nossos mimos, a nossa intensidade, as nossas carícias são só nossas; no nosso amor não há cansaços, não há fastios, meu pequenino adorado! Como o meu desequilibrado e inconstante coração d´artista se prende a ti”
Deixo aqui ainda um poema da autoria de Miguel Veiga dedicado a Florbela Espanca:
NA
VARANDA DE FLORBELA
Aqui
cantaste nua.
Aqui
bebeste a planície, a lua,
e
ao vento deste os olhos a beber.
Aqui
abandonaste as mãos
a
tudo o que não chega a acontecer.
Aqui
vieram bailar as estações e com elas tu bailaste.
Aqui
mordeste os seios por abrir, fechaste o corpo à sede
das
searas, no lume de ti própria te queimaste.
(Miguel
Veiga - 1949. Livro Ostinato Rigore/Epitáfios)
Agostinho Barbosa Pereira, em 01 de Janeiro de 2012.
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